OPINIÃO: Brasileiro não tem mais 12 times que entram para ser campeão | OneFootball

Quantas vezes você já ouviu um jogador do seu time dizendo que “um time grande como o X (insira aqui o nome do seu time) sempre entra no Brasileirão pensando em título”? Passou da hora de os clubes deixarem de enganar seus torcedores.

A profissionalização do futebol brasileiro – ainda que os times em muitos casos demonstrem amadorismo em vários segmentos – e, principalmente, o incremento dos valores pagos pelos direitos de transmissão e por patrocinadores, aos poucos vão aumentando a distância entre os que estão sempre na briga pelo título e os que raramente vão, de fato, disputar a taça.

Os clubes sabem disso, mas se negam a admitir diante de sua torcida que, em determinadas temporadas, permanecer na Série A é uma vitória. O papo de que os ditos grandes do futebol brasileiro (os quatro paulistas, quatro cariocas, dois mineiros e dois gaúchos) sempre entram com chance de conquistar o título e que o Brasileirão sempre começa com, pelo menos, 12 em igualdade de competição não faz mais sentido.

A discussão foi levantada por jornalistas do programa Redação Sportv, nesta segunda-feira, que lembrou os problemas financeiros do Vasco, um dos melhores exemplos de como ser um clube grande em representatividade e história, não é garantia de condições para disputar títulos.

Caso o Palmeiras confirme o título brasileiro em 2018, será o sexto ano em que taça vai permanecer nas mãos de Cruzeiro, Corinthians ou Palmeiras. Além dos três, desde o início dos pontos corridos, em 2003, apenas Santos, São Paulo, Flamengo e Fluminense também conquistaram o Brasileirão. Ou seja, em 16 edições, apenas sete campeões diferentes.

Não quer dizer, ainda, que em breve teremos sempre os mesmos dois ou três disputando o título, como ocorre em países como França, Espanha, Alemanha, Itália ou Portugal, mas as dificuldades financeiras de alguns dos clubes grandes do Brasil na atualidade podem criar um abismo difícil de reverter se os mais saudáveis financeiramente mantiverem uma regularidade em campo e nas suas contas.

Trazendo a discussão para dentro de campo, não dá para uma equipe com recursos limitados ou sem condições de pagar salários em dia crie nos torcedores a ilusão de que é possível disputar as primeiras posições de um campeonato como o Brasileirão.

Essa dificuldade em admitir as limitações também serve para alimentar a fábrica de moer técnicos que vemos em todas as edições do campeonato. O Brasileirão de 2018 deve terminar com apenas três dos 20 treinadores que começaram o campeonato nas mesmas equipes.

Será que ser mais transparente, com torcedores e com a imprensa na hora de transmitir as reais pretensões das equipes antes de o campeonato começar não seria benéfico para que fossem criadas expectativas mais realistas e cobranças mais justas?