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Nathalia Araújo·27 de outubro de 2017

Ex-gerente geral do Botafogo explica empréstimo da Odebrecht

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Sérgio Landau defendeu o ex-presidente Maurício Assumpção e explicou que o emprestimo foi única alternativa do clube para pagar dívidas na época.

Nesta semana, o Botafogo apresentou uma notícia de crime acusando o ex-presidente Maurício Assumpção de ter realizado um empréstimo de R$20 milhões com a empreiteira Odebrecht. Para o Alvinegro, a negociação foi feita de forma suspeita para beneficiar o consórcio do Maracanã.


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A denúncia foi feita após a Odebrecht cobrar do Botafogo o pagamento da dívida, que já passa dos R$30 milhões. Além de Assumpção, outro citado na denúncia foi o ex-gerente geral do clube, Sérgio Landau.

Em entrevista à Rádio Globo, Landau disse ter sido pego de surpresa pela denúncia e não sabe mais detalhes da acusação. Ele também falou sobre o fechamento do Nilton Santos, o empréstimo com a empreiteira e o fato de que o atual presidente do Bota, Carlos Eduardo Pereira, já estava ciente de tudo.

Sobre o fechamento do Nilton Santos

Landau explicou que o Botafogo tinha o estádio como o grande projeto do time para arrecadar dinheiro. O clube, inclusive, já negociava um contrato de naming rights na casa dos R$60 milhões. Contudo, o clube foi convocado pelo ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pois ele recebera uma notificação da Odebrecht. A empresa alertava que havia um risco de queda na cobertura do estádio em caso de ventos com velocidade superior a 63km/h.

“Foi surpreendente para todos no clube”, disse Landau. A Odebrecht apresentou o parecer da empresa alemã SBP (Schlaich Begerman und Partner) que afirmava ser necessário o fechamento do estádio. O Botafogo tentou discutir e chegou a levar relatórios para a Prefeitura que provavam o contrário, mostrando também a grandeza do prejuízo que o clube teria. Entretanto, Eduardo Paes disse não querer arriscar vidas humanas e decretou a interdição do Nilton Santos.

“Dizer que o Botafogo tinha acordo com a Odebrecth e a prefeitura para beneficiar o uso do Maracanã é um raciocínio que só uma mente pervertida e doentia pode fazer”, disse Landau durante a entrevista. Para ele, a acusação não faz sentido, pois o Botafogo foi o mais prejudicado com o fechamento do estádio.

Sobre o empréstimo com a Odebrecht

Landau explicou que o Botafogo não tinha recursos e precisava de dinheiro para pagar dívidas. “Isso é indiscutível”, afirmou. O ex-gerente geral relatou que o Maurício Assumpção deu uma declaração sobre a questão no início do ano e que o gerente financeiro da época ainda está no quadro de funcionários do clube.

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Questionado se o Botafogo tinha condições de pagar o valor da dívida com a Odebrecht, Landau apenas explicou sobre a série de garantias para a empresa, como a porcentagem sobre a venda de passe de jogadores ou de renda de bilheteria. No acordo, o Botafogo dava uma parte passe de 88 jogadores como garantia. Alguns, como o goleiro Jefferson, ainda estão no clube. Outros, como Vitinho, já foram embora de General Severiano.

Além disso, a Odebrecth tinha direito a 25% da renda do jogos em casa do Alvinegro. Esse valor poderia subir para 50% caso o Botafogo fechasse um acordo de naming rights para o estádio.

Landou ainda afirmou que outros times cariocas pegaram empréstimo com a empresa. “O Flamengo, que tinha situação financeira melhor que a do Botafogo também pegou. Todos os clubes cariocas pegaram”, disse.

Sobre o processo contra a Prefeitura

Com o inevitável fechamento do Nilton Santos, Landau contou que foi realizada uma reunião com juristas do Botafogo para saber o que fazer em relação aos prejuízo causados. “Uns diziam que era para devolver o estádio para a prefeitura e jogar no Maracanã. Mas essa não era a opinião da diretoria. Outros queriam entrar na Justiça contra a Odebrecht e a Prefeitura”, revelou.

A decisão foi buscar um escritório de advocacia que recomendou ao clube uma ação contra a Prefeitura. Para isso, o Alvinegro deveria apurar perdas e contratar uma empresa de auditoria. Após cotações, uma companhia foi escolhida, mas a mesma não acatou o contrato por conflito de interesses.

De acordo com Landau, tudo isso foi enviado para o setor jurídico do clube, que não tomou decisão alguma e todo o material já estava encaminhado para ser apresentado a nova diretoria.

Sobre um possível acordo com a Odebrecht

Questionado sobre a possibilidade da existência de um acordo com a empreiteira, sobre o qual ele não estivesse ciente, Landau foi firme: “Em hipótese alguma. Fomos surpreendidos. A gestão do Maurício foi destruída pelo fechamento do Nilton Santos”.

Landau finalizou afirmando que existem documentos que comprovam a legalidade do empréstimo e que eles estão dentro do Botafogo. “O Carlos Eduardo Pereira deu uma entrevista no início do ano falando exatamente sobre isso. Era a única solução para livrar o Botafogo de uma crise financeira muito maior”.