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Marcos Monteiro·04 de março de 2020
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Marcos Monteiro·04 de março de 2020
Tigre, Guaraní (PAR) e Bolívar: a luta do Palmeiras pelo bicampeonato da Libertadores começa contra esses três adversários, no Grupo B. Favorito e muito superior aos rivais, o time de Luxemburgo tem como principal obstáculo na primeira fase suas próprias limitações.
O Palmeiras chega à Libertadores 2020 atrás de um padrão tático e longe de ser um time envolvente. Apesar de inquestionavelmente superior em relação à equipe que terminou o Brasileirão 2019, a “Dududependência” ainda atrapalha. Sem o camisa 7 o time não desenvolve dentro de campo.
Há tempo até se encaixar e o Palmeiras não deve sofrer para avançar às oitavas. Porém, quando chegar no mata-mata, é bom os comandados de Luxemburgo estarem prontos para maiores desafios.
Depois da demissão de Mano Meneses, Maurício Galiotte concedeu uma coletiva inflamada. Falando em “acompanhar as mudanças” do futebol brasileiro, o presidente do Palmeiras disse que o clube passaria por mudanças. Falou-se na chegada de Jorge Sampaoli, reforços de peso e nova filosofia de jogo.
A torcida alviverde seguiu o ânimo de seu presidente e inflamou. Todo o ânimo, porém, durou pouco. Os primeiros sinais de que as mudanças seriam menores do que o esperado chegaram com o anúncio de Anderson Barros no lugar do badalado Alexandre Mattos. Desconhecido e discreto, Barros fez um trabalho que chamou pouca atenção no Botafogo, e entrou no Allianz Parque sob os olhares desconfiados da Turma do Amendoim.
Os “cinco ou seis reforços” que “chegariam para vestir a camisa e jogar”, nas palavras de Galiotte, não vieram. As únicas contratações do Palmeiras para a temporada 2020, até o início da Libertadores, foram o lateral-esquerdo Viña, e o ponta Rony, esse depois de uma novela envolvendo Athletico-PR e Corinthians.
Ainda discutem internamente a chegada de um lateral-direito. Com Marcos Rocha e Mayke contundidos, Gabriel Menino tem jogado improvisado. Mas o setor hoje com menos opções de qualidade no Palmeiras é o meio de campo. Um falha antiga e que explica a dependência em Dudu: o time não tem um camisa 10, aquele jogador criativo e que faça a diferença. Sem essa peça, o camisa 7 fica sobrecarregado.
Lucas Lima nunca emplacou e não dá indícios de que agora vai. Scarpa idem. A bola da vez com Luxemburgo é Raphael Veiga. O meia fez uma excelente temporada no Athletico-PR em 2018, mas no em São Paulo teve poucas chances com Felipão e Mano Menezes.
De contrato renovado, Veiga é uma aposta de Luxa e pode ser o terceiro reforço do Verdão para a Libertadores.
Site Oficial/Palmeiras
Uma antiga cobrança da torcida e da imprensa em relação ao Palmeiras era o mau uso da base. Com grandes nomes e campeã de tudo, as divisões de base do clube quase nunca emplacaram seus destaques no time principal. Para o início de 2020, pelo menos, o panorama é outro.
Patrick de Paula, Lucas Esteves, Wesley, Vinícius, Gabriel Menino, Gabriel Veron e Alan. Dos 30 nomes inscritos pelo Palmeiras na Libertadores, sete vêm da base.
Veron ganhou destaque desde o fim da última temporada e sempre entre no decorrer das partidas, enquanto Patrick de Paula e Gabriel Menino têm sido presença constante nos jogos do Paulista, na maioria das vezes com boas atuações.
Além de Anderson Barros, outro anúncio ligou o alerta nos palmeirenses: Vanderlei Luxemburgo. O experiente treinador chegou sob pressão e com mais críticas do que palavras de apoio. Depois de alguns jogos na pré-temporada e boas atuações no Paulistão, o técnico passou a contar com mais apoio.
O time de Luxemburgo é mais organizado e leva mais perigo do que aquele Palmeiras de Mano Menezes. No Paulistão, foram 14 gols marcados e apenas três sofridos em oito jogos, números que dão ao time a melhor defesa e o melhor ataque do campeonato.
O Palmeiras mostrou evolução desde que Luxa assumiu. Ainda faltam peças chave e reforços – que podem ser caseiros – para o meio de campo. O futebol apresentado pelo time hoje o leva às oitavas sem maiores problemas. Ver o Palmeiras se complicando no Grupo B seria uma surpresa.
Das oitavas para frente, vai depender dos cruzamentos. Apesar de ter evoluído, o time de Luxemburgo ainda não tem condições de jogar nos mesmos termos com River Plate, que há seis anos tem Galhardo, ou com o Flamengo de Jorge Jesus.
Caso encontre um desses dois em uma eventual final, a conversa é outra. Campo neutro e jogo único pode pesar mais do que organização e padrão tático.
Palpite: chega até às semifinais, mas não vai à final.
Foto de destaque: Miguel Schincariol/Getty Images