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André Gonçalves·26 de junho de 2018

OPINIÃO: A medíocre odisseia portuguesa na Rússia

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Há quem diga que este Portugal faz lembrar a equipa que venceu o Euro 16, mas isso não corresponde à verdade.

Portugal chegou a este mundial com um estatuto nunca antes visto: o de campeão da Europa. É certo que a vitória no torneio europeu aconteceu há já dois anos e, desde então, muita coisa mudou. No entanto, o conjunto de atletas agora disponível oferece mais soluções do que em 2016 e deixava antever uma prova mais positiva por parte da Selecção.


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Até ao momento, a desilusão impera. Portugal ainda não efectuou uma única exibição digna de uma equipa com ambições. Se em 2016, Fernando Santos optou por jogar com um bloco mais baixo e procurar o contra-ataque por forma a surpreender equipas que habitualmente tentavam jogar em posse, neste mundial Portugal não só não tem bola como é praticamente inofensivo no contra-golpe.

No Euro, Portugal foi uma das equipas com mais situações de perigo criadas por jogo, sendo apenas superado pela França e a Alemanha. Portugal atacava menos, mas com muito critério. A equipa das Quinas terminou o torneio com uma média de 5,57 remates à baliza e 7,14 cantos por jogo. Neste mundial, estes números caíram drasticamente.

Até ao momento, Portugal tem uma média de apenas 3 remates à baliza e 4,6 cantos por jogo, o que atesta as dificuldades ofensivas da equipa de Fernando Santos. Desde o início do mundial – se excluirmos os penalties – Portugal só efectuou 3 remates dentro da área do adversário.

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As dificuldades exibidas frente a Espanha foram disfarçadas pelo génio de Cristiano. O duelo contra Marrocos foi um dos mais fracos da era Fernando Santos e os três pontos caíram do céu. No último jogo da fase de grupos, Portugal teve o primeiro lugar do grupo na mão e deixou-o fugir, porque o treinador demorou muito tempo a ler o jogo e a fazer as alterações necessárias (e também porque o VAR meteu os pés pelas mãos).

Fernando Santos sempre foi um treinador com uma abordagem muito conservadora e ninguém esperava uma revolução no estilo de Portugal. Na antevisão do torneio, muito se falou se Portugal deveria começar com um 4-4-2 ou um 4-3-3. Mal sabíamos nós que, independentemente da táctica escolhida, a Selecção não iria ter qualquer plano de jogo.

Mesmo com João Mário no lado esquerdo falta jogo interior à selecção nacional. A equipa não é capaz de pressionar alto e os extremos raramente conseguem chegar à linha final. Quem tem Bernardo e Bruno Fernandes tem que jogar mais entre linhas. Quem tem Gelson e Quaresma tem que acelerar o jogo no último terço do terreno e apostar necessariamente em triangulações rápidas por forma a quebrar a defesa do adversário.

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Portugal chega aos oitavos-de-final com uma missão muito complicada pela frente. O Uruguai é uma das melhores equipas do mundo. Uma equipa na verdadeira acepção da palavra, uma espécie de Atlético de Madrid em versão país. Só uma exibição como ainda não vimos neste mundial poderá fazer com que a Selecção das Quinas chegue aos quartos-de-final.

Resta esperar que os atletas e Fernando Santos estejam num “dia sim” e operem um milagre. Portugal pode e deve fazer muito mais.